Wednesday, March 07, 2007

Elogio aos errantes:

A arte de se perder na cidade

“Tanto os métodos de analise contemporâneos das disciplinas urbanas quanto o que poderia ser visto como um de seus resultados projetuais, a cidade-espeáculo1, se distanciam cada vez mais da experiência urbana, da própria vivencia ou prática da cidade. Errar poderia ser um instrumento desta experiência urbana, uma ferramenta subjetiva e singular, ou seja, o contrário de um método ou de um diagnostico tradicional. A errância urbana seria uma apologia da experiência da cidade, um tipo de ação que poderia ser praticada por qualquer um.
Os praticantes das cidades atualizam os projetos urbanos, e o próprio urbanismo, atraves da pratica dos espaços urbanos. Os urbanistas indicam usos possíveis para o espaço projetado, mas são aqueles que o experimentam no cotidiano que os atualizam, mas são aqueles que o experimentam no cotidiano que os atualizam. São as diferentes ações, apropriações e improvisações, dos espaços que legitima ou não aquilo que foi projetado, ou seja, são essas experiências do espaço pelos habitantes, passantes ou errantes que reinventam esses espaços no seu cotidiano.”
...

“As três propriedades mais recorrentes das errâncias – se perder, lentidão, corporeidade – estão intimamente relacionadas, e remetem a própria ação, ou seja, a prática ou experiência do espaço urbano. O errante urbano se relaciona com a cidade, a experimenta, e este ato de se relacionar com a cidade implica nesta corporeidade própria, advinda da relação entre seu próprio corpo físico e o corpo urbano que se dá no momento da desterritorialização do ato de se perder, da qualidade lenta de seu movimento e da determinação de sua corporeidade.”

Fragmento retirado do texto “Elogio aos errantes: a arte de se perder na cidade” de Paola Berenstein Jacques

No comments: