Friday, July 14, 2006

Vertigem Cerebral apresenta:


PERTO
...meu rim e meus ouvidos

Um dia alguém chegou e perguntou bem de perto, o que é que eu queria? E porque continuava ali, afinal tudo era maior que estar ali. Eu não respondi nada.
Mais essa pergunta passou a me atormentar, e me fazer não sentir que o aqui é seguro, o aqui é uma extensão de mim, perdi raiz.
E pra que isso? Por que fez isso comigo?
E tudo pareceu mais distante sem instabilidade, Deus não existiu mais.
E esse alguém sumiu, mais poderia ser aquele que esta em pé, perto do poste, olhando parado para um tempo que não é meu, nem dele.
Ele poderia ser qualquer um, e é. Ele atormenta nos meus sonhos com suas indagações, perguntas, dilemas, e sempre ri no final, como se essa alegria fosse a força pra ele continuar a estar em todos lugares, onde estou, onde ando.
Fugir é o meu rumo, porque não? Mais não quero fugir, atrás de uma liberdade que não existe alem da própria palavra bonita que soa, ela é mais miserável do que o “alguém” que me atormenta.
Quero fugir, em sonhos, onde a minha estabilidade se desmancha em cores e sons. Quero apenas enlouquecer todo dia, e nem saber as horas.
Quero depois disso tudo, quero paredes, construções, pessoas, e carros...quero livros e letras neles. Quero lâmpadas florescentes, e cama com lençóis, televisão e microondas, musica...quero muita musica, musica com batata frita e poesia....comer musica ouvindo o som da batata frita.
E correr, vou correr sem querer me esconder, vou correr para sentir que meus braços e minhas pernas por pequenos instantes desaparecem a custo dos meus movimentos rápidos. Vou querer sumir, evaporar, desaparecer, desintegrar. Pra saber se realmente existo. Provar ser um nada incrível.
Depois vou querer inverter meu tecido, vou querer expor minhas vísceras e ver o que tudo que há dentro de mim, e oferecer a todos na rua, pegar meu rim, e ver o quanto é macio e viscoso.
E aquele alguém que não vai mais me perseguir porque ele não terá mais tempo, se cansará e irá exausto fugir nos seus sonhos. Sonhos como meu só que ele não voltará. Ele viverá lá na espera de quando eu voltar a enlouquecer. E quando novamente eu ir ao balcão, ele novamente poderá povoar meus devaneios.

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