
...”Toda cidade desconhecida é uma cerrada rede de signos sobrepostos que demandam uma demorada decifração. Trata-se de um conhecimento tortuoso e, ainda mais, sofrido, se o provinciano for também um “estreante” na vida”
... “processo de modernização transforma não só o perfil e a ecologia urbanos, mas também as experiências dos habitantes da cidade, aquela que constitui uma questão fundamental para os modernos. Lugar por excelência das tran

Assim, os olhos dos habitantes, leitores da cidade, estão num processo de fusão visual, compactando uma multiplicidade de gestos, movimentos e imagens, no ato de ver/ler a cidade. Na experiência urbana, cruzam-se extremos momentos de conflito e o banal que sustenta a cidade e lhe dá vida. Tais cruzamentos constituem fatores condicionantes da percepção desses leitores.
Ler a cidade é engendrar uma possível leitura para o que se foi tornando ilegível, num jogo aberto e sem solução. Essas leituras são o relato sensível dos modos de ver a cidade, produzindo uma cartografia simbólica, captando-a enquanto “símbolo complexo capaz de exprimir a tensão entre racionalidade geométrica e emaranhado de existências humanas” como ressalta Italo Calvino, no ensaio “Exatidão”, uma das Seis propostas para o próximo milênio.”
...”A cidade é o absurdo?”
...”Através destes percursos pelas cidades de letras e imagens, grafias e fotogramas —conjugadas pela arte de andar e de ver —, percebe-se que não há a exclusividade de um modelo para a leitura da cidade. Aceitando o fragmentário, o descontínuo e contemplando as diferenças, os textos de Henrique Dinis da Gama, José Cardoso Pires e R
ubem Fonseca procuram escapar às exigências excludentes do modernismo, refuncionalizando a tradição, respectivamente, das culturas portuguesa e brasileira. Reciclando a memória cultural, esses textos cenarizam a cidade patchworkcom sua polifonia, sua mistura de estilos, captados por olhares que colhem a multiplicidade de signos, na busca de decifrar o urbano lisboeta e carioca, que se situam, ambos, no limite extremo e poroso entre ficção e realidade. Conjugando fotogramas, vozes e grafias, os textos revelam a cidade enquanto o lugar de inscrição e rasura dos signos cuja legibilidade seduz e desafia o olhar do leitor, ao mesmo tempo que indicam serem cidades não apenas produtos da memória ou do desejo, como muitas das cidades invisíveis de Italo Calvino; são objetos complexos que incluem a realidade e sua descrição: cidades que se confundem com as palavras, as imagens e as vozes usadas para descrevê-las. A operação poética que (re)inventa, que dá a ver essas cidades, é levada, entretanto, até certo ponto; caso contrário, obter-se-iam cidades verossímeis demais para serem verdadeiras” (Renato Cordeiro Gomes)
...”A cidade é o absurdo?”
...”Através destes percursos pelas cidades de letras e imagens, grafias e fotogramas —conjugadas pela arte de andar e de ver —, percebe-se que não há a exclusividade de um modelo para a leitura da cidade. Aceitando o fragmentário, o descontínuo e contemplando as diferenças, os textos de Henrique Dinis da Gama, José Cardoso Pires e R

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